terça-feira, 28 de abril de 2009

faz frio,

ainda é dia lá fora, pela janela vejo a casa da música, penso no meteorito que é, no chão torto que ficou,

chão que agora dá lugar aos skaters de todas as idades a aventurarem-se pelas suas ondas,

eu gosto, gosto de observar da janela a pequena aresta que os prédios me deixam ver, as luzes que mudam de cor, as gaivotas a voar,

é nestas alturas que aqui sozinha vagueio pelo meu mundo, ao som de uma banda sonora às vezes escolhida aleatoriamente, outras escolhida com cuidado e atenção.

vejo-nos sorrir no pedaço de papel que está por detrás do vidro pousado no parapeito da janela, o céu era azul como o nosso mas era outro céu, era longe, num país distante, onde vivemos maravilhas,

a música faz-me dançar,

os meus dedos teclam ao som da guitarra, criando um movimento ritmado, delicado,

faz frio,

o desejo de regressar aumenta à medida que passeio pelas ruas estreitas que conheço tão bem,

aumenta assim que me desvio do elétrico a passar, eléctrico esse que me viu nascer, que me levou para casa dos amigos, que me acompanhou em tantas voltas e reviravoltas,

consigo cheirar as ruas, as lojas, os cafés,

faz frio,

olho e estou aqui, contraio os músculos do corpo, aguento a dor, fecho os olhos e deixo que a música me aconchegue,

já está quase, não tarda aninho-me aí e ganho forças para recomeçar.

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